quarta-feira, 13 de outubro de 2010

EDUCAI O HOMEM PRESO

Educai as crianças e não será preciso punir os homens (Pitágoras - 500 a. c.). A questão 843 do Livro dos Espíritos nos ensina que a liberdade é uma Lei Divina, porque sem ela o homem seria apenas uma máquina movida ao sabor de circunstâncias alheias a sua vontade. No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, os itens 14 e 15, nos ensinam que devemos nos amar como filhos de um mesmo Pai, e que não estabeleçamos diferenças entre os menos favorecidos, criminosos e infelizes. Em Reflexões Pedagógicas à Luz do Evangelho: O erro é uma parte do processo de aprendizagem e deve ser transformado em estímulo de crescimento. E, de Jesus para a mulher adúltera: “Vai e não tornes a pecar!” – (Jo 8: I I).

A aprendizagem verdadeira conduz o discípulo à liberdade e a autonomia; quando o homem não é mais criança e erra, é punido, perde a liberdade física estabelecida pelas convenções sociais em que está inserido, como consequência do seu próprio livre arbítrio. A Educação utilizada como possibilidade de dar a esse homem a capacidade de escolher caminhos, o tornará um ser responsável pelas suas atitudes. Dessa maneira, a transformação se dará de forma individual, gradativa e constante. O erro, nesse contexto é tudo que ele precisa para a busca de si mesmo, é a alavanca que o impulsionará para ir em busca de algo mais: o seu crescimento interior.

A diversidade faz parte do nosso Planeta e, assim, o homem preso também. A não aceitação dessa diversidade é o maior obstáculo em que resvalam os preconceitos que se somam aos já existentes, gerando a necessidade de um novo olhar que tenha um novo alcance, ou seja, ampliando os horizontes da compreensão do outro e do diferente de nós.

Allan Kardec, com a codificação do Espiritismo estabelece que educar é promover mudança de hábitos, transformando moralmente a pessoa. Jesus apresenta todo um conteúdo educativo, fomentando a fraternidade, a indulgência, o perdão e a fidelidade ao bem.

Somos espíritos imortais, mas enquanto encarnados, estamos sujeitos às limitações do corpo físico e presos às leis que regem a matéria, leis essas, que não são as mesmas que regem a consciência e, isso não pode ser diferente em relação ao homem preso. A possibilidade de adquirir conhecimentos cria nas mentes desses homens, expectativas infinitas de oportunidades. Portanto é nessa perspectiva do acolhimento de informações e de conhecimentos, que se dá a fertilidade e a receptividade do exterior em suas vidas. Nessa linha de raciocínio, podemos transpor as grandes e altas muralhas das prisões, e conviver com esse homem, que privado de sua liberdade, necessita da nossa convivência, do nosso esclarecimento e do nosso perdão; sejamos para eles seus olhos para que possam enxergar, a fala para que possam ser ouvidos, as mãos para que possam aprender a dar e a receber, e os seus pés para que possam caminhar.

Na verdade, são eles, a população carcerária, produtos da segregação e do desajuste social, da miséria e das drogas, as crianças que não educamos.


ROSALINA VALE

TRABALHADORA DA SEFA

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