Por Regina Medeiros
Estamos no limiar de uma nova era! Era de paz, de progresso, de tolerância, de cumprimento da lei de amor, enfim! Chega de perder tempo, enriquecendo o nosso intelecto com textos educativos e belos, mas, que estão servindo apenas à nossa vaidade e acomodação. O Cristo foi o divulgador da mais bela moral cristã que este planeta já viu; no entanto, o que estamos fazendo do Evangelho há dois mil anos, senão decorá-lo e repassá-lo, sem coloca-lo no seu devido lugar, que é o nosso coração? Onde estão os nossos gestos de amor e perdão? Onde estão o nosso exercício de humildade, a luta pela paz e a compreensão do outro? Onde se encontra a nossa resignação e a nossa fé que “remove montanhas”?
O Evangelho é para ser vivido, repassado através de exemplos, de vivência, de incorporação aos nossos sentimentos e às nossas atitudes! Como queremos convencer aos outros, sem darmos o exemplo? Todos nós apregoamos, em todos os lugares, que somos cristãos e espíritas! Mas, ser cristão não é tão simples, como escolher um partido político ou um time de futebol. Ser cristão é reviver os atos do Cristo, é ser um apologista da verdade e do amor! Ser Cristão é colocar o Cristo em nossos sentimentos e emoções, vivenciando a lei de amor, justiça e caridade! E ser espírita se refere, ao esforço que deveremos fazer para domar as nossas más inclinações e vivenciar a nossa transformação moral.
Perdemos muito tempo com desvarios e emoções descabidas, acumulando mágoas e rancores, enferrujando a nossa alma com sentimentos, que já não têm mais necessidade de permanecer em nosso íntimo, tais como, orgulho e vaidades, arrogância e amor próprio ferido, ânsia do poder e “propriedade” da verdade e tantas outras denominações para sentimentos primários, que ainda nos prendem ao solo terrestre,
“O Consolador prometido por Jesus há 154 anos alerta para o caminho da vivência do amor” e, é (...) a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.” 1 Precisamos compreender que “são chegados os tempos em que se hão de desenvolver as ideias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus.” 2 Já temos a maturidade psicológica e intelectual necessárias à instalação da moralidade em nossas vivências. Resta-nos desenvolver o sentimento de justiça e caridade conosco e com os outros, para começar a agir de modo equilibrado e amoroso.
Merecemos e devemos ser felizes, mas, a felicidade é algo fugidio a depender sempre das nossas atitudes e emoções e, por isso, ainda estamos na Terra; por isso, a dor ainda é nossa companheira e amiga, porque não conseguimos despertar pelo amor, utilizando a razão. Ainda estamos muito presos às emoções de posse e de poder; não compreendemos que o nosso destino espiritual é a perfeição e a luz; e por causa dessa falta de visão de futuro, deixamos passar as oportunidades de redenção e de progresso e continuamos a marcar passo no lodaçal dos nossos erros, intolerâncias, agressividade, atitudes estas, de que não temos sequer percepção, por falta de humildade em nossa auto avaliação. Será preciso que continuemos a sofrer tanto, apenas, por falta de percepção da nossa realidade espiritual?
Somente nós podemos mudar o nosso futuro, tornando-o feliz ou infeliz, em virtude das nossas escolhas. O que nos está faltando para iniciarmos a caminhada em busca de luz e paz, em nossas vidas imortais? Certamente, haverá que mudar o nosso EGO, tornando-o um pouco menos espaçoso e permissivo; teremos que renunciar a algumas satisfações imediatas, em virtude de provocarem invasões na liberdade alheia; teremos que educar o nosso senso crítico para não continuarmos a buscar tantas justificativas inteligentes para os nossos desacertos costumeiros; teremos que desenvolver a nossa fé no futuro; mas, com certeza, a nossa alma será a grande ganhadora na batalha do auto aperfeiçoamento.
Diz o Evangelho segundo o espiritismo, “não se acredite, porém, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas.”3As lutas interiores serão intensas e precisarão ser contínuas; não há como reformar um edifício, sem trabalho, canseiras e muito lixo; a nossa alma também passará por esse processo, para conseguir se elevar à perfeição. Teremos que quebrar paradigmas e crenças e desprezar o lixo acumulado através das múltiplas encarnações, onde cultivamos conceitos, sentimentos e crenças, altamente deturpadas, que, hoje impedem a nossa ascensão espiritual.
Experimentaremos as dores do crescimento e teremos de nos despir da autoimagem concebida pelo nosso EGO orgulhoso, neste processo de reorganização das nossas almas e isso não será conseguido sem lutas e sofrimentos. Mas, valerá à pena, quando nos transformarmos em espíritos redimidos, não mais necessitando rastejar no solo, qual triste lagarta, antes de se transformar em linda borboleta, voando pelo infinito e demonstrando a todos a vitória do amor, do bem e do belo!
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1, 2, 3) Allan Kardec: O Evangelho segundo o espiritismo, cap. I, item 09- A nova era.
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