quarta-feira, 13 de abril de 2011

O ESPIRITISMO E A REFORMA ÍNTIMA

Por Regina Medeiros

"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para dominar suas más inclinações."

Allan Kardec. "O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sedes Perfeitos. Os bons Espíritas.

Somos todos criados simples e ignorantes, mas, perfectíveis, ou seja, todos atingiremos a perfeição relativa, através da repetição e da fixação das experiências encarnatórias a que formos submetidos, através da misericórdia divina. Por meio dos repetidos processos de reencarnação, vivenciamos experiências progressivamente mais complexas, onde são estimulados, tanto o progresso intelectual, como o progresso moral.

À medida que aprendemos, desenvolvemos o nosso intelecto e passamos a adquirir condições de compreender a justiça e a ética divinas, desenvolvendo, assim, o nosso aspecto moral, por meio do qual, nos elevaremos espiritualmente. “A questão social não tem, portanto, o seu ponto de partida na forma de tal ou tal instituição; está inteiramente no aperfeiçoamento moral dos indivíduos e das massas. Aí está o princípio, a verdadeira chave da felicidade da Humanidade, porque então os homens não pensarão mais em se prejudicarem uns aos outros. (...) Será pela educação, mais ainda do que pela instrução, que se transformará a Humanidade. (1)

Estamos na Terra, um planeta de expiações e provas, porque precisamos das dores e dificuldades com as quais convivemos. Com elas aprendemos a respeitar o próximo, a vivenciar as dores que infringimos a outros, a exercitarmos o perdão e o auto-perdão, a entendermos, enfim, o amor ao próximo e a solidariedade universal, compreendendo a nossa filiação divina, o que nos torna irmãos uns dos outros; aprendemos aos poucos que a nossa felicidade dependerá da modificação dos nossos pensamentos e ações; estas, por sua vez, são originadas nos nossos sentimentos, nas nossas emoções e, começamos a entender, que por mais difícil nos seja, vencer as nossas imperfeições, só poderemos ser felizes quando vivenciarmos a paz da nossa consciência. Essa paz virá com o auto-aperfeiçoamento, a mudança radical dos nossos desejos e emoções. Até lá, estaremos sujeitos às expiações dolorosas e duras que o planeta Terra nos oferece. “Eu vos digo, em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil.” (Jesus) (2)

A Terra passa por transformações na sua estrutura física e na moral dos seus habitantes; em breve, será elevada à categoria de mundo de regeneração, onde só permanecerão os mansos.(3) Os outros, os violentos, os revoltados, os desonestos serão levados a locais compatíveis com a sua evolução moral. Recomeçarão a progredir, porque todos progridem, mas, em ambientes mais duros, menos intelectualizados e em condições mais difíceis.

Entretanto, a escolha é nossa. Podemos ser felizes desde agora. Só precisaremos para isso, levar a sério a nossa transformação moral, assegurando, assim, a nossa felicidade, desde esta vida. Não é tão difícil como nos parece à primeira vista. Existem alguns passos a serem percorridos: precisaremos de nos conhecer com mais profundidade (autoconhecimento); aferir as nossas inseguranças, os nossos medos, os nossos vícios e defeitos; mas, também precisaremos conhecer os nossos pontos fortes, pois, é com eles que poderemos nos apoiar para começar as mudanças. Jesus nos disse: “Brilhe a vossa luz” (4); é isso que teremos de fazer. Todos nós já temos alguma luz, adquirida através do exercício de virtudes que estamos conquistando a cada momento, a cada encarnação; é só começar a expandir aquilo que já existe em nós: as virtudes que arquivamos na alma e das quais não nos despojamos como espíritos.

Acendamos, pois, a nossa luz! Exercitemos a prática do amor, que já existe latente em nossos corações, desenvolvamos a compaixão, a humildade, a simplicidade e todas as outras virtudes, filhas do amor e, se assim fizermos, constantemente, sem esmorecimentos, sem vacilações, mesmo que periodicamente estejamos sujeitos a quedas, estaremos praticando a nossa transformação moral, sem medos, sem sofrimentos e com muita consciência.

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(1)- Allan Kardec in “Obras Póstumas“, Credo Espírita — Preâmbulo (FEB).

(2)- Evangelho de Mateus, 5:25 e 26.

(3)- Evangelho de Mateus, 5:5.

(4)- Evangelho de Mateus, 5:16.

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