Iracema Ferreira
“A família é a célula mater da sociedade”, acredito que muitos já ouviram essa afirmação, mas quantos de nós já paramos para refletir: por que os filósofos, os sociólogos repetem isso com tanta frequência? Segundo Joanna de Ângelis, “A família é o laboratório de vivências dos mais expressivos de que necessita o ser humano, no seu processo de evolução”. É na convivência familiar que nos desnudamos de todas as máscaras que utilizamos para disfarçar as nossas mazelas, defeitos, vícios, dores ou sofrimentos. Mas também é no grupo familiar que recebemos a força necessária para ultrapassar todos os obstáculos encontrados no caminho.
Célula mater quer dizer célula mãe, isto é, de onde provem todas as características que compõem a sociedade. É o conjunto de todas as vicissitudes encontradas nos seres humanos, mas também de todas as virtudes já percebidas em determinado grupo social. Como diz Joanna de Ângelis, é no seio familiar que aprendemos a conviver uns com os outros; a lutar pelos nossos direitos, porém enxergando no outro um irmão; a cumprir com os nossos deveres respeitando o livre arbítrio daqueles que labutam conosco diariamente. Essa vivência é a que deveríamos transferir para o contexto onde se opera o nosso processo evolutivo.
Em O Livro dos Espíritos, pergunta 775, Kardec questiona aos Espíritos: “Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?Uma recrudescência do egoísmo". Essa é uma das perguntas cuja resposta traz-nos profunda reflexão acerca do papel de cada um de nós na Instituição FAMÍLIA e na responsabilidade e compromisso que devemos assumir perante o Pai Maior, pois no lar, esse laboratório infinito de vivências de sentimentos, aprendemos que crescemos ajudando uns aos outros, auxiliando nas tarefas domésticas, respeitando os mais velhos, protegendo os mais novos, sendo exemplo para aqueles que não aprenderam a servir e a ser servidos. A família torna-se, portanto, ponto primordial da organização social e a falta dela seria, de fato, um retrocesso da Humanidade com ênfase no egoísmo.
Observando os ensinamentos do Cristo, vemos em Lucas, 10:5 – em qualquer casa onde entrardes, dizei antes: ‘paz seja nesta casa’. Eis que o Cristo nos conclama a permanecer em paz, principalmente em nossos lares, que não façamos desse reduto, local de desabafo violento, de intolerâncias ou de qualquer atitude de desrespeito para desoprimir os aborrecimentos do cotidiano, quer seja no trabalho, no trânsito, ou em quaisquer outros ambientes visitados por nós durante a jornada diuturna.Pacifiquemos nossa área individual, busquemos trabalhar em nós mesmos a quietude, a tolerância, a paciência para que em torno de nós reine a paz e a harmonia e em nosso lar, quem quer que o visite sinta que a paz é nesta casa, conforme ensinamento do Senhor.
Embalados por todas essas reflexões e envolvidos na leitura do livro Tempo para Marcelo – Crônicas de Família de Ana Guimarães, nos indagamos intimamente: que valores estarão sendo construídos em nossos lares nos meninos e meninas, enclausurados em espaços reduzidos, luxuosos ou não, que se deixam magnetizar por babás televisivas, por jogos eletrônicos, por conversas com “amigos” nas redes sociais? Que investimentos estamos realizando no campo dos valores eternos em nossos filhos, netos, sobrinhos? A falta dessa construção valiosa gerará, talvez, criaturas insensíveis ao que temos de mais caro em nossas vidas: o AMOR.
Nesse processo de construção da Família e para que ela viva em paz, a estruturação do Evangelho no lar à luz da Doutrina Espírita se torna a cada dia imprescindível, pois fortalecerá o alicerce moral tão necessário para manter a união e o respeito presentes no convívio fraterno. Se nosso lar é problemático, se nos sentimos premidos por necessidades probatórias ou expiatórias, olhemos em torno de nós e veremos quadros gravíssimos e descobriremos razões para continuarmos a luta redentora na resolução dos conflitos em busca do equilíbrio.
O grande desafio na conquista da harmonia familiar é percebermos que também nós fazemos parte dos que se encontram na busca do melhor caminho a seguir, “estamos no mesmo barco” como nos diz a sabedoria popular e precisamos nos dar as mãos para que nos tornemos o feixe de varas, referenciado por Paulo e assim, nos tornarmos fortes o suficiente para combater todo o mal que ainda existe em nós e assim nos tornarmos pessoas melhores.
Avante, todos que compõem a caravana que jamais se dispersará, pois juntos conquistaremos a PAZ, a VIDA em abundância e o AMOR da família em Cristo Jesus.
Muita paz!
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Bibliografia
1) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
2) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
3) Luz no Lar - Chico Xavier
4) Tempo para Marcelo, Crônicas de Família - Ana Guimarães
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