terça-feira, 6 de abril de 2010

Chico Xavier foi um Médio `Hors-concours´, diz Divaldo


O baiano Divaldo Pereira Franco, de 82 anos, é um dos médiuns e oradores mais respeitados do meio espírita. Divulgador da doutrina no país e no exterior, ele psicografou 202 livros e é responsável pelo projeto social Mansão do Caminho, em Pau da Lima, na periferia de Salvador, no qual cerca de três mil crianças e jovens são atendidos.

Confira a seguir a íntegra da entrevista concedida por Divaldo, por e-mail, sobre o centenário de Chico Xavier.


1) Oito anos após a morte de Chico Xavier, como o senhor avalia o momento atual da doutrina espírita?

A doutrina espírita, conforme a codificou Allan Kardec, é evolutiva, progressista, embora mantendo inalteráveis os seus paradigmas.

Após a desencarnação do venerando apóstolo da mediunidade Chico Xavier, a doutrina prossegue firme nos seus postulados, havendo absorvido as revelações de que foi instrumento o admirável servidor, facultando mais amplas pesquisas e elucidações científicas, filosóficas, religiosas, culturais e artísticas a todos quantos a desejem conhecer.

Não sendo obra de um homem, mas dos Espíritos, a doutrina espírita avança conquistando espaços e apoiando todos aqueles que lhe buscam o amparo iluminativo.


2) O senhor conviveu muito com Chico? Pode nos contar uma passagem que considere marcante sobre ele?
A minha convivência com Chico Xavier foi a de um amigo que o visitava periodicamente, desde 1948, em Pedro Leopoldo, quando fui seu hóspede por primeira vez, e ao largo dos anos, mesmo depois que ele se transferiu para Uberaba, quando eu era convidado a almoçar no seu lar, qual o fazia com muitos outros amigos.

Visitava-o, em média, duas vezes ao ano, sempre que me era possível, em razão da minha residência em Salvador. Nada obstante, conversávamos muito, desde que Chico era um excelente narrador, maravilhoso ouvinte e um sábio conselheiro.

Dentre as abençoadas lições que amealhei ao seu lado, muitas marcaram-me profundamente o comportamento, uma das quais foi quando ele me convidou a escrevermos um livro em parceria, com mensagens por ambos psicografadas publicamente nas reuniões da Casa Espírita da Prece da Uberaba, no que resultou a obra que se intitula ...E o amor continua.

Noutra feita, dirigindo-nos à Vila dos Pássaros Pretos, em Uberaba, no automóvel conduzido pelo seu filho adotivo Eurípedes Higino dos Reis, falei-lhe que havia psicografado um livro com o título Alerta, e ele, muito surpreendido, redarguiu-me que também houvera escrito um com o título Atenção, ainda não publicado. Sorrimos muito e, naquela noite, ele psicografou o prefácio do Alerta que colocamos na referida obra.

3) Muitos espíritas o consideram um sucessor de Chico, ao lado de Raul Teixeira. Qual a opinião do senhor sobre essa "sucessão"? O título o incomoda?

Chico Xavier foi, na Terra, um médium hors-concours, não equiparável a outros, considerando-se ser o Brasil um grande celeiro de excelentes medianeiros tanto no passado como no presente.

No Espiritismo não existem sucessores. Cada obreiro realiza a atividade para a qual reencarnou dentro das suas possibilidades evolutivas e intelectomorais.

Antes dele houve médiuns notáveis que, ao desencarnar, deixaram aberto o campo a continuadores do trabalho dos Espíritos superiores, ocorrendo o mesmo com ele e em relação a nós outro.

Não existindo qualquer tipo de sucessão, o conceito perde o seu significado quando aplicado a quem quer que seja. O título não me incomoda, como porém, não corresponde à verdade, não me produz qualquer tipo de emoção.

4) Quantos livros o senhor já psicografou?
Até este momento já foram publicados da minha lavra mediúnica 202 livros e quatro estão no prelo. Alguns são trabalhos mediúnicos em parceria, outros são psicografados, alguns são psicofônicos e outros mais são palestras transcritas ou comentadas.

5) Como o senhor descobriu sua mediunidade e quando começou a trabalhar como médium?
Desde a primeira infância, na minha cidade natal, Feira de Santana (Ba), que passei a ter contato com os Espíritos, a partir dos 4 anos e meio, mais ou menos.

Foi, no entanto, a partir da noite de 27 de março, após uma palestra inspirada pelo Espírito Humberto de Campos, na União Espírita Sergipana, em Aracaju (SE), que passei a estudar o Espiritismo e a adotar a mediunidade de maneira lúcida, consciente, responsável, embora sempre a tivesse mantido em caráter de elevado padrão moral.

De imediato, fundamos com amigos o Centro Espírita Caminho da Redenção, no dia 07 de setembro de 1947 e a obra ampliou-se, sendo hoje uma comunidade que atende a 3.019 crianças e jovens, com centro médico, escolas fundamentais, profissionais, atendimento a necessitados em promoção social, pacientes HIV soropositivos, e com todos os labores espíritas...

6) Qual a importância de filmes como o do Chico e o de Bezerra de Menezes na divulgação do espiritismo?

É de fundamental relevância filmes desse porte, pelas informações corretas que apresentam em torno da mediunidade, da caridade, dos paradigmas do Espiritismo, desde que o teatro é um excelente veículo de divulgação e de educação.

Estamos vivendo, nestes dias, um verdadeiro boom, a respeito das informações sobre o Espiritismo, graças às celebrações do Centenário de nascimento de Francisco Cândido Xavier, o que nos convoca, a todos os espíritas, a mais graves responsabilidades, confirmando na conduta a excelência da doutrina.

Extra on-line
por Eliane Maria

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